domingo, 11 de maio de 2008

Programa ameaçado



Na Associação de Portadores de Necessidades Especiais, em Ceilândia, 115 jovens entre 16 e 24 anos se inscreveram no programa. Eles têm aulas quatro horas por dia, de segunda a sexta-feira, para se especializarem na área de venda e atendimento ao público.

As aulas começaram no dia 4 de abril, mas até hoje eles não receberam recursos do Ministério do Trabalho para o material didático, pagamento dos professores, lanche e para o benefício que viabiliza o acesso de todos ao curso: o vale-transporte. Com isso, 30 alunos já desistiram.

“Está difícil freqüentar o curso. Por falta do vale-transporte e dos materiais que eles não estão repassando pra gente. Os coordenadores e professores estão se esforçando ao máximo, já foram a várias reuniões com o Ministério do Trabalho, mas até agora nada foi resolvido”, conta a estudante Joseane de Souza, 17 anos.

“Nossa maior expectativa é o primeiro emprego. Se não tivermos o vale para virmos até a instituição, vamos ser automaticamente cortados do projeto. Vai ser uma grande frustração, já que o nosso maior sonho é o primeiro emprego”, diz a estudante Mirla Andréia Soares, 17 anos.

“Cada dia tem mais evasão e no nosso projeto não pode haver evasão. Está havendo por causa da falta de transporte. É uma comunidade carente, tanto que eles foram selecionados pela renda per capita de cada um, que seria de meio salário mínimo. Nós não sabemos mais o que fazer para segurar os alunos em sala de aula”, confessa a pedagoga Maria das Graças.

A presidente da associação, Maria Abadia das Mercês, diz que já recebeu várias as promessas. “Já participamos de várias reuniões. Cada dia é um assunto. Um dia eles dizem que não tem data, no outro eles dizem que tem. Seria dia 30. Da última vez disseram que o repasse seria feito hoje. Já saiu outra notícia, que seria na sexta-feira que vem. Logo termina o curso e nós não recebemos nenhum repasse”, reclama.

A dificuldade dos alunos da Associação de Portadores de Necessidades Especiais é a mesma dos outros quase dois mil jovens inscritos no programa. A instituição responsável por receber dinheiro do Ministério do Trabalho, para repassar para as 17 entidades conveniadas, disse que só recebeu a primeira parcela do governo até agora: R$ 356 mil que foram usados para comprar camisetas, apostilas e para estruturar a secretaria do projeto. Os R$ 2,2 milhões que deveriam ter sido liberados em abril, para serem gastos com vales-transporte e pagamento de pessoal, por exemplo, ainda não saíram.

O Ministério do Trabalho confirmou que houve reuniões, mas que nenhuma promessa foi feita. E informou que o dinheiro só pode ser liberado para o Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep-Brasil) repassar para a Associação de Portadores de Necessidades Especiais, depois que a Controladoria-Geral da União concluir o relatório sobre os gastos com a primeira parcela do projeto. A auditoria foi feita nos dias 5 e 6 deste mês.


Fonte: Rede Globo

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