quinta-feira, 29 de maio de 2008

Opinião sobre o shopping

Veja a opinião do site Ceilândia.com sobre a construção de um shopping center em Ceilândia. Apesar de que somos totalmente contra tal posicionamento, deixamos o texto aqui também para que todos possam se expressar:



A Associação Comercial e Industrial de Ceilândia (ACIC) lançou recentemente uma campanha pública estimulando os ceilandenses a ligar para o gabinete do vice-governador Paulo Octavio, pedindo que ele apóie a construção de um shopping center na cidade.

A campanha parece bem intencionada (o fato de Paulo Octavio ser dono de uma das maiores construtoras do DF deve ser só coincidência, claro), mas tem o foco um tanto enviesado. Em primeiro lugar, construir shopping centers não é tarefa do governo, mas de construtoras privadas, que os erguem, depois exploram ou revendem a terceiros os pontos de comércio. Portanto, o correto seria propor o tema à empresa Paulo Octavio Empreendimentos Imobiliários, e não à figura pública do vice-governador. Em segundo lugar, a fixação na idéia de que a cidade necessita de um centro comercial do tipo Park Shopping ou Pátio Brasil impede que se dê a devida atenção aos vários “shopping centers” que a cidade já possui, mas pouca gente parece se dar conta. O melhor, e mais mal aproveitado deles, é o próprio centro da cidade, apesar de ter um excelente traçado urbanístico, que em tudo o favorece.

Área nobre, mas mal aproveitadaIsto ocorre porque o comércio da área próxima ao fórum e das imediações da feira permanente hoje está concentrado em artigos de vestuário, calçados, móveis, eletrodomésticos, agências bancárias e uma ou outra farmácia. Esta característica faz com que o setor seja quase que apenas um local de passagem, onde as pessoas demoram-se apenas o tempo necessário para fazer compras. Após uma determinada hora, quando as lojas fecham, a área fica deserta e perigosa para quem se arrisca a transitar por ali. Agora que foi parcialmente devolvido à população, com a retirada dos vendedores ambulantes, seria a hora de transformar o centro da cidade em um imenso e prazeroso shopping center, funcionando durante as 24 horas do dia. Para isto seria necessário forçar a diversificação do comércio local, limitando, por um lado, a concessão ou renovação de alvarás a um número máximo de lojas por tipo de produto ou serviço em cada quadra. E por outro, estimulando, via isenção de impostos ou linhas de crédito especiais, a abertura de estabelecimentos que possam atrair e prolongar a permanência das pessoas no local: bares, cafés, restaurantes, lanchonetes, sorveterias, cinemas, lojas de conveniência.

Mas, por melhores que sejam os bares ou restaurantes, por mais atrativas que sejam as vitrines das lojas, ninguém freqüentará a área central, qualquer que seja a hora, se não for criado um espaço urbano igualmente atrativo. Ruas limpas e calçadas mais amplas, iluminação adequada e policiamento ostensivo permanente, além de transporte público confiável, estimulariam as pessoas a sair de suas casas para passear no centro da cidade que lhes pertence. A transformação de algumas áreas em mini-praças bem cuidadas, onde pudessem ser realizados eventos culturais, aumentaria a circulação de pessoas no local e teria reflexo direto nas vendas do comércio. É a falta de algumas destas condições que faz com que os outros “shopping centers” da cidade, que são as mal aproveitadas entrequadras comerciais, fiquem vazios à noite, mesmo estando mais próximos das residências e contando com um comércio mais diversificado.

O modismo dos shopping centers verticais, fechados, ilhas imaginárias de segurança, conforto e praticidade, foi adotado com certo exagero pelos brasileiros, como imitação do modelo das cidades americanas. O resultado foi o enfraquecimento dos centros comerciais horizontais (em bom português, o chamado comércio de rua). Este fenômeno deixou as ruas das cidades menos vibrantes e mais inseguras. A equação é simples, e já foi decifrada pela maioria das grandes cidades européias, cujas vias e praças estão sempre apinhadas de gente a qualquer hora do dia ou da noite: espaços públicos vazios ficam à mercê dos criminosos; ao passo que mais gente circulando ajuda a afugentar os mal-intencionados.

Em tempo: correm na cidade boatos de que o shopping center dos sonhos da ACIC (ou de Paulo Octavio) seria construído exatamente onde hoje está a feira permanente. O desaparecimento daquela feira privaria a cidade de um de seus pontos mais marcantes.

Espera-se que sejam só boatos.



São apenas boatos. A feira seria modernizada.

Vale ressaltar que enquanto a cidade de Ceilândia não possuir o seu shopping center, todos os impostos que forem recolhidos com os compradores de Ceilândia (nos outros shopping do DF) serão utilizados em outras cidades...

Fonte: Ceilândia.com

Nenhum comentário: